segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Descrição das dores de Jesus Cristo

É descrito abaixo as dores de Jesus, segundo um grande estudioso francês, o médico Dr. Barbet, que a redigiu fazendo referencias aos Evangelhos; e o Sudário dá à possibilidade de entender, realmente, as dores de Jesus durante a sua paixão;
“Eu sou sobretudo um cirurgião: ensinei por muito tempo. Por anos vivi em companhia de cadáveres; na minha carreira estudei a fundo a anatomia. Posso então escrever sem presunção.
Jesus, entrando no Getsêmani – escreve o evangelista Lucas – orava mais intensamente. E aconteceu que descia um suor ‘como gotas de sangue’ que caíam até o chão. O único evangelista que se refere ao fato é um médico, Lucas, e o faz com precisão de um clínico. O suar sangue, ou hematiadrose, é um fenômeno raríssimo. Produz-se em condições excepcionais e para provocá-lo é preciso uma prostração física, acompanhada por um choque moral violento, causado por emoção profunda ou por grande medo. O pavor, o susto, a angústia terrível por sentir-se carregado de todos os pecados dos homens, devem ter esmagado Jesus.
Tal tensão extrema produz a ruptura das veias capilares que estão abaixo das glândulas sudoríparas, o sangue se mistura ao suor e se recolhe sobre a pele, depois escorre pelo corpo todo até o chão.
Conhecemos a farsa do processo montado pelo sinédrio hebreu, o envio de Jesus a Pilatos e o desempate entre o procurador romano e Herodes. Pilatos cede e ordena a flagelação de Jesus. Os soldados despojam Jesus e o amarram pelos pulsos a uma coluna do átrio. A flagelação efetua-se com fitas de couro múltiplas sobre os quais são fixadas duas bolinhas de chumbo e de ossinhos. Os sinais do sudário de Turim são inúmeros; a maior parte das chicotadas é nos ombros, na coluna, na região lombar e também no peito.
Os carrascos devem ter sido dois, um para cada lado, de igual envergadura. Golpearam e açoitaram a pele já alterada por milhões de microscópicas hemorragias do suor de sangue. A pele dilacera-se e racha-se; o sangue esguicha. Em cada golpe Jesus pula em um sobressalto de dor. As forças diminuem, um suor frio banha-lhe a fronte, a cabeça roda em vertigem de náusea, arrepios lhe correm na coluna; se não estivesse amarrado pelos pulsos a uma grande altura, acabaria em uma poça de sangue. Depois a zombaria da coroação. Com espinhos compridos, mais duros do que os de acácia, os carrascos teceram uma espécie de capacete e o colocaram em sua cabeça. Os espinhos penetram no couro cabeludo e o fazem sangrar (os cirurgiões sabem quanto sangra o couro cabeludo). Pelo sudário revela-se que um forte golpe de pau, dado obliquamente, deixou na face direita de Jesus uma chaga horrível; o nariz está deformado por uma fratura na parte cartilaginosa.
Pilatos, depois de ter mostrado aquele homem despedaçado à multidão enfurecida, o entrega para a crucifixão. Carregam sobre os ombros de Jesus o grande braço horizontal da cruz, que pesa uns cinquenta quilos. O pau vertical já está plantado no Calvário. Jesus caminha a pés descalços, em uma estrada cheia de pedras. Os soldados o açoitam com cordas. O percurso, por sorte, não é muito comprido, cerca de 600 metros. Jesus, com dificuldade, arrasta um pé após o outro; muitas vezes cai sobre os joelhos. E o ombro de Jesus está coberto de chagas. Quando Ele cai no chão, a trave foge-lhe e esfola - lhe o dorso.
No Calvário começa a crucifixão. Os carrascos despojam o condenado, mas a sua túnica está colada às feridas e tirá-la é atroz. Vocês nunca tiraram a gaze do curativo de uma grande ferida contusa? Vocês mesmos não sofreram esta prova que pede às vezes anestesia? Podem então ter consciência do que se trata.

Cada linho do tecido adere à carne viva; ao tirar a túnica, as terminações nervosas descobertas pelas chagas laceram-se. Os carrascos tiram a túnica com força violenta. Como é que aquela dor atroz não provoca uma síncope?
O sangue recomeça a escorrer, Jesus é estendido de costas. As suas chagas encrostam-se de pó e de brita. Estendem-no sobre o braço horizontal da cruz. Os carrascos tomam as medidas. Um pouco de goma na madeira para facilitar a penetração dos pregos: horrível suplício.
O carrasco pega um prego comprido, pontudo e quadrado, o apóia no pulso de Jesus, com um golpe firme de martelo o crava e o bate firmemente na madeira. Jesus deve ter contraído o rosto espantosamente. No mesmo instante o seu polegar, com um violento movimento, põe-se em oposição; na palma da mão o nervo mediano é puxado. Pode-se imaginar o que Jesus deve ter experimentado: uma dor terrível, agudíssima, que difundiu-se nos dedos, repuxou, como língua de fogo no ombro, fulgurou -lhe o cérebro. É a dor mais insuportável que um homem possa experimentar, aquela dada pela ferida de grandes centros nervosos. Normalmente provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus, não. Se ao menos o nervo tivesse sido cortado completamente! Ao invés (se constata muitas vezes experimentalmente) o nervo foi destruído só em parte; a lesão do centro nervoso fica em contato com o prego; quando o corpo estiver suspenso na cruz, o nervo se estenderá fortemente, como uma corda de violino tensa. A cada sacudida, a cada movimento, vibrará, despertando dores dilacerantes. Um suplício que durará três horas. O carrasco e seu ajudante seguram as extremidades da trave; levantam Jesus colocando-o primeiramente sentado e depois de pé, depois fazendo-o caminhar para trás. Põem em cima do pau vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz em cima do pau vertical. Os ombros da vítima se entregam dolorosamente, sobre a madeira áspera. As pontas da grande coroa de espinhos dilaceram o crânio. A pobre cabeça de Jesus está inclinada para frente, pois a espessura do capacete de espinhos lhe impede de encostar-se à madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam as fincadas agudíssimas.
Pregam-lhe os pés.
É meio-dia; Jesus tem sede. Não bebeu nada desde a tarde precedente. A sua feição é tensa, o rosto é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe arde em sede, mas Ele não pode deglutir. Tem sede. Um soldado lhe estende, sobre a ponta da lança, uma esponja de uma bebida ácida, usada entre os militares. Tudo isso é uma tortura atroz.
Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai acentuando-se: os deltóides e os bíceps estão tensos e levantados, os dedos encurvam-se. Dir-se-ia um ferido atingido pelo tétano. É o que os médicos chamam de tetania, quando as câimbras se generalizam: os músculos do abdômen se enrijecem em ondas imóveis; depois os interdorsais, os do pescoço e os respiratórios. A respiração fica, pouco a pouco, mais curta. O ar entra, mas não consegue sair, Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, o seu rosto pálido, pouco a pouco, se torna vermelho, depois empalidece em violeta purpurino e enfim em cianótico.
Jesus, atacado por asfixia, sufoca. Os pulmões inchados de ar não podem mais esvaziar-se. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora das órbitas. Que dores atrozes devem ter martelado seu crânio!
Mas o que acontece? Devagar, com um esforço sobre-humano, Jesus achou um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Fazendo força, com pequenos golpes, levanta-se aliviando a tensão dos braços. Os músculos do tórax distendem-se. A respiração se torna mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto retoma a palidez primitiva. Por que este esforço? Porque Jesus quer falar: “Pai perdoa-lhes: eles não sabem o que fazem”. Depois de um instante o corpo recomeça a se afrouxar e recomeça a asfixia. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por Ele na Cruz: a cada vez que quer falar, deve levantar-se segurando em pé por um dos pregos; inimaginável.
Daí a pouco serão 3 da tarde. Jesus está sempre lutando; de vez em quando se levanta para respirar. É a asfixia periódica que o está estrangulando. Uma ruptura que dura 3 horas.
Todas as suas dores: a sede, as câimbras, a asfixia, as vibrações dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Meu Deus, meu Deus: por que me abandonaste:”
A Mãe de Jesus estava aos pés da cruz. Podem imaginar o sofrimento daquela mulher?
Jesus grita: “Tudo está consumado”. Depois, em alta voz: ‘Pai, em Tuas mãos entrego o meu espírito’.

E morre.”



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